Saudações libertária

Rádio Armadilha ¨*¨ Música; Fibra Ótica

terça-feira, 23 de junho de 2009

CD Poesia




CD POESIA

O momento é de paralisia, de “criatividade” ociosa, de “quase-entrega”, é a repetição da repetição, o inferno do imobilismo de Dante, a uniformização que pode ser confundida com a formação da identidade, mas que pode ser apenas mera conveniência, fuga, escapismo, imaturidade.
Aí, ouço algo tão doce e espontâneo que chega a ser agressivo a um ouvido já tão condicionado; e é perturbador porque não só entendo como sinto o que está sendo tratado. Sei sem que me digam explicitamente. Começo a gostar e sinto que muito do que eu me condicionei a escutar era por falta de opção.

***
Não são stalinistas para acusar de desvio burguês tudo quanto for experimentalismo e subjetivo e primar pela frieza plástica do panfleto, mas tampouco são adeptos do desvairismo, do desconexo, do sem sentido cultuado como método inconsciente de produção intelectual, arte - porra louca, “cult” e a visão sacra de que tudo que não possamos “entender” é profundo. Também não compactuam com a idéia de que a produção tosca seja admirável porque a natureza é de inconformista e de potencial contestatório.
O artificialismo e o conformismo de muitos “inconformados” é apenas uma maneira descarada de fugir de atividades que impunham dificuldade para serem realizadas.

Por Dorenildo


O projeto “POESIA” inicialmente se tratava apenas de um cd de música, mas hoje está complementado com nove vídeos realizados pela Armadilha Produções.
Sobre as músicas: Foi em 2002, quando me debrucei no vasto material da poetisa Yasmim. Durante oito meses trabalhamos, eu e ela, na escolha do repertorio. Todas as músicas são por excelência poesias, isso é um traço marcante dentro deste trabalho. Outra característica de igual importância é a sonoridade, esta nasce de um processo autodidata dentro da música, junto a este processo desenvolveu-se uma critica à música. É um trabalho autoral, impar, perante a mesmice que impera na expressão da militância política.

***
Em relação aos vídeos, tudo teve início após quatro anos de trabalho noturno no Mucurip Club. Onde viabilizei recursos para a compra de uma filmadora. Daí a realização dos filmes foi uma questão de tempo. Estes aqui apresentados foram realizados entre 2002 e 2005, e editados com dois vídeos cassetes e muita paciência. Fica registrada a ausência do filme “Bode Iôiô, O Cearense do século”, que noutra oportunidade será lançado.

***
Este CD não é algo separado da vida mesma, não é um corpo estranho à batalha pela sobrevivência. O retardamento no lançamento deste trabalho é devido às dificuldades que atravessamos, comuns aos que são desprovidos de grana e têm que “matar um leão a cada dia”. Só, agora, depois de muito tempo, lanço-o impulsionado pelo desejo de já tê-lo feito antes.
Os recursos obtidos com a venda deste CD serão revertidos para a minha sobrevivência e para as campanhas: “Rola Bosta, Não deixe a escola atrapalhar seus estudos, Outros olhares: Outra forma de ver o mundo e para a Armadilha Produções”.
Você que adquiriu este CD contribuiu para a resistência de um indivíduo na peleja de se fazer sujeito da história. Obrigado.


Por Apolo




A resenhas dos vídeos e links, na postagem da Armadilha Produções.



As Músicas

1- Apelo Imediato.
Video Clip


2- Percussor.

3- Nada Que e Visto a Olho.

4- As Pernas se Abraçaram.

5- Cinzas.

6- Sonata Silenciosa.
vídeo clip


7- Ultra Triangular.

8- Saída.

9- Compras.

10- Cerca Elétrica.

11- Editorial 23.

12- Prumdom.

13- Corrro, Corrooooo.

14- O Silencio.

15- Teus Olhos.

16- Galinha.

17- Ravachol.

18- Tumulo Florido.

19- Fundo do Mar

20- Vaguidão.

21- Fibra Ótica Editada.

22- Cantiga.


Informações sobre o CD: ( 9 )Vídeos no formado Divx, ( 22 ) Músicas no formado Mp3, + encarte

PARA MORTE DO ARTISTA.


“Um pensamento que desagrega e que à sujeição exalta, prega. Cultura que se apropria da totalidade para propagar a passividade pegando a vida e destroçando em partes dando a cada uma um nome, uma delas é a arte.”


A vida imita a arte? Quantas vezes você já ouviu essa frase? O que há de inocente nela? Nada, garanto.
A arte é concebida hoje no mundo ocidentalizado como algo separado da vida vivida. Pode existir, ou melhor, é digna de existência uma vida não vivida?
Privilégio dos especialistas, dos senhores artistas, a arte da forma que concebida torna-se um aparelho de dominação dos mais sofisticados. Ou a vida não imita arte? Quando a essa perspectiva de que ai esta de compreender a arte como forma de expressão separada da vida, entende-se, por conseguinte a vida separada da arte. Essa visão surgiu, ou melhor, construi-se numa determinada cultura. Como exemplo reflita sobre o que foi dito pêlos primeiros “descobridores” (ocupantes) ao chegar a essas terras habitadas por nativos, de pele e nariz bem feitos que andavam nus:

- Aqui não há teatro, essa gente não conhece teatro.

De fato, os nativos dessas terras há quinhentos anos ocupadas não conheciam o teatro, pois teatro para o europeu “ocidentalizado” significa justamente a separação da arte da vida, sendo o teatro uma estrutura de madeira e ferro ou pedra onde separada da vida mesma, nascia a arte, só lá poderia nascer parida por algum artista.

Para a morte do especialista em arte – o artista – precisamos destruir o que fundamenta a razão de sua existência, a arte, que só é arte quando separada da vida mesma, quando não só é vida.

“Abaixo a arte que faz com que suportemos uma vida que não merece ser vivida”.
Por Apolo

O QUE É MÚSICA?

Interlude No.1 from Nina. on Vimeo.


COMO PODERÍAMOS RESPONDER ESSA PERGUNTA? BEM, SE PERGUNTÁSSEMOS PARA UM MATEMÁTICO, CERTAMENTE, DIRIA: “É MATEMÁTICA”; PARA UM FÍSICO, “É VIBRAÇÃO DE MOLÉCULAS”;PARA UM CAPITALISTA, “MERCADORIA”.


O desenvolviomento da Música.


Refazendo os caminhos da música ocidental...
Poderíamos dizer que ela principia a partir dos cantos gregorianos. Portanto, podemos considerar como seu “berço” a Igreja.
Um marco em seu desenvolvimento é a obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Ele fora o precursor da escala que conhecemos hoje. Pitágoras (582-500a. c), com o seu legado, possibilitou a J.S.Bach desenvolver sua obra.
Em suas pesquisas, Pitágoras chegou à conclusão e, principalmente, a tradução da música em matemática. Ao esticar uma corda e fazê-la vibrar, percebeu um som; dividindo em partes iguais essa mesma corda e fazendo-a vibrar novamente, notou o som uma oitava abaixo.
Depois a física veio explicar esse fenômeno; dizendo que ele acontece pelo fato das moléculas vibrarem na mesma freqüência, diferenciando somente sua intensidade. A física chama isso de ressonância.
Seguindo esse raciocínio... Para obter-se um LÁ é necessário 440hz de vibração de moléculas. Vale ressaltar que a física apenas tardiamente veio a descobrir essa alternância.
J.S.Bach fora o Vigésimo sétimo músico de sua família composta de trinta e três outros, influenciado por uma forte tradição musical. Marcou não só a música, também a cultura ocidental como um todo, de forma decisiva. Para melhor entendermos é preciso compreender a música como extensão da vida e a vida como uma totalidade: A vida é a constante, contínua e mútua troca de energia. É o que se renova a cada instante.
Devemos inclusive saber que J.S.Bach era luterano e viveu em uma época onde a Igreja tinha maior poder social que nos dias atuais. Isso lhe impôs diversas limitações. Contudo, ele foi uma figura de desempenho decisivo na música ocidental por ter modificado a escala musical. Essa modificação deu-se durante a construção da escala quando retirou meio tom de Si e de Mi, fazendo da música ocidental um eterno retorno.
Ainda que você seja um bom pianista ou toque violão como ninguém, sempre estará preso numa cadeia de notas musicais bem cadenciadas; essa é a escala, tida como “natural” pela atualidade do mundo ocidental ou ocidentalizado. Esse motivo é preponderante para que a música ocidental possa ser descrita como um círculo.
Tal descrição lembra-nos Friedrich Nietzsche (1844-1900) que nos falou do “eterno retorno”. Nietzche, Bach e Pitágoras são personalidades ímpares porque através deles se flagra o desenvolvimento da cultura ocidental. A música nas demais culturas tem uma outra organização, o que se deve a própria concepção do mundo e da vida serem diferentes. Por exemplo, vejamos a música indiana: Enquanto a música ocidental é descrita como círculo a indiana, por sua vez, costumam descrever num formato espiral; o que, de certo, não torna uma melhor que a outra, mas faz delas diferentes entre si.
O desenvolvimento da música depende da cultura na qual ela esteja inserida.


A música dos diversos povos africanos possuía um outro tempo e sentido já que os mesmos desses povos eram diferentes.
No entanto, a história da humanidade é formada por uma série de fatos que poderiam e deveriam ter sido evitados... Culturas foram e são subjugadas, hora pela espada e cruz, outrora pela sociologia e o pensamento etnocêntrico.
Enfim, a música que hoje toca na radio é cúmplice de todo esse processo, o que, é claro, não significa que a música em si não possua potenciais de rebeldia, apenas estão adormecidos por um sistema muito bem arquitetado; sistema esse que transforma música que é matemática, moléculas em vibração, em mera mercadoria; trata-se do famoso “sistema capitalista”.
Os capitalistas são as pessoas interessadas em manter esse sistema que transforma tudo em mercadoria: saúde, amizade, educação, lazer, emoções, feijão, arroz, fé, desejo, amor, da mais simples a mais complexa expressão humana todo é transformado em mercadoria. Antes da música se transformado em mercadoria ela já servia a um propósito, a um fim. Por exemplo, os cantos gregorianos serviam aos propósitos da Igreja. Enquanto idéia mercadológica, a música serve ao maior


intento do mercado que é sempre a obtenção do lucro;
essa é a razão de ser do capitalista e do próprio capital.
Nos últimos cem anos surgiu e vem aprimorando-se uma técnica, que o capital viu como um campo a ser explorado economicamente e uma obrigação notória de controle político: a indústria cultural. A indústria cultural é uma técnica para a formação dos indivíduos, junto com alguns aparelhos que compactuam dos mesmos interesses políticos, econômicos e de classe social. Dentre outras coisas possibilita a criação da identidade nacional.
Em crise recente das Organizações Globo o governo liberou uma quantia significativa de recursos. “As Organizações Globo fazem parte da identidade nacional", afirmou o governo, na ocasião. Mas o que não é dito é que as mesmas não só fazem parte, assim como também fabricam a identidade nacional, moldam costumes e abduzem. A indústria cultural não se restringe a uma expressão específica; não abrangendo apenas as novelas ou só a música, também todo o campo de produção artística.
Fazem parte da atuação da indústria cultural: o cinema, a música, as novelas, o teatro, as artes plásticas, a moda, os centros culturais e seus programas de formação de platéias, todo e qualquer bem cultural. Ou seja, a indústria cultural atua num campo infinito de possibilidades. Cumprindo um papel fundamental: o de formar indivíduos, é claro, seguindo as diretrizes que o mercado traça.
É de sua responsabilidade o aparecimento de bandas como "Rouge", "Bross", os movimentos de rock que, às vezes, surgem; pela saia da Sabrina, pela sandália da Darlene.
O quê a indústria cultural faz é determinar aquilo que cada um deve gostar ou não. Ela programa o que vestiremos no próximo verão, a cor da moda, a música que irá enlouquecer os foliões no carnaval etc. A música atual, está num mar revolto de confusões, em meio às “Eguinhas Pocotó”, Radcare, música clássica, passando pelo forró.
Tudo está amarrado pelo cordão umbilical da indústria cultural. É uma relação de Deus e Diabo!
Aos apreciadores e futuros músico (aqueles que tocam e cantam música), fica a responsabilidade de refletir a realidade em que ela se encontra; realidade essa que é fruto do seu próprio desenvolvimento e de contextos históricos.
Cabe a todos nós a missão de despertar a criticídade da música em todos os seus aspectos e sermos transformadores da realidade em que vivemos.
Por uma música que seja extensão da vida!
E que nossa vida mereça ser vivida!


Por: Apolinário Alves.